CAPOEIRA é uma arte marcial Afro-brasileira que incorpora movimentos de luta, acrobacias, dança, percussão e música num diálogo rítmico de corpo, mente e espírito. É um jogo de dois oponentes que acontece dentro de um círculo, formado por outros jogadores, os quais criam um ritmo para o jogo batendo palmas, cantando e tocando instrumentos tradicionais. Os dois jogadores se enfrentam utilizando-se de movimentos de Capoeira, mesclando os movimentos de ataque e defesa com movimentos acrobáticos e de dança, criando estratégias para iludir o oponente e surpreendê-lo.
A Capoeira foi criada no Brasil por escravos africanos. Sua origem precisa é pouco clara, mas o entendimento maior é de que ela seja um resultado de trezentos anos de escravidão no Brasil. No séc. XVI, muitos africanos foram trazidos para o Brasil de diferentes regiões da África Ocidental para trabalhar como escravos para os Portugueses, eles foram tirados de suas terras, mas a sua cultura e a ânsia de liberdade permaneceram. Com o crescente desejo por liberdade, eles começaram a desenvolver técnicas para defesa e fuga.
No Brasil, gerações de escravos dividiram costumes, danças, rituais e técnicas de luta, desta mistura surgiu a Capoeira. Os escravos usavam a Capoeira para lutar nas fugas e resistir a uma nova captura, mas misturado ao aspecto combativo da Capoeira, havia a música e da dança. Embora pudesse parecer uma dança inofensiva, os capoeiristas praticavam uma luta ofensiva. Essa mistura, esse “disfarce” da combatividade da Capoeira é uma das grandes distinções dela em relação a outras artes marciais. Muitos dos chutes e outros movimentos realizados na Capoeira se assemelham a outras artes marciais, mas a mandinga, a malícia, o disfarce presentes na Capoeira a tornam diferente. Embora alguns movimentos pareçam belos e inofensivos, podem ser também perigosos.
A Capoeira nasceu como uma expressão de resistência gerando fortalecimento espiritual e emocional. Tanto a cultura dos escravos africanos como a dos índios brasileiros e dos portugueses imigrantes contribuíram para a arte da Capoeira que reflete uma integração de povos.
Após a abolição da escravatura no Brasil, em 1988, a Capoeira foi declarada ilegal e sua prática passou a constituir crime no código penal brasileiro, por mais de quarenta anos. Foi apenas da década de 30, por intermédio do lendário Mestre Bimba, que esta arte foi resgatada e novamente legitimada. Em 1932, Mestre Bimba abriu a primeira escola oficial de Capoeira na Bahia, Brasil.
De início, havia apenas um “estilo” de Capoeira, o estilo original usado como ferramenta de expressão dos escravos africanos longe de suas terras. Com esta Capoeira inicial eles buscavam beleza e liberdade, movimento e dança e também uma defesa contra as adversidades da vida escrava.
Quando os escravos obtiveram sua liberdade, a Capoeira os acompanhou. Retirados de sua cultura original, passaram a utilizar a Capoeira não apenas como uma expressão de liberdade, mas também como uma violenta luta nas ruas. Os capoeiristas passaram, por vezes a serem vistos não como heróis que lutavam pela liderdade, mas como criminosos temidos. Não demorou muito para que a Capoeira fosse declarada ilegal e passasse a fazer parte do código penal brasileiro como punição prevista para quem fosse pego praticando a “Capoeiragem”. Devido a repressão oficial, em muitas cidades a Capoeira sumiu ou ficou relegada à completa marginalidade.
Da Bahia, estado onde a Capoeira manteve-se viva, embora marginal, veio o seu ressurgimento. No início do séc. 20, Mestre Bimba conseguiu levar a Capoeira à presença de diplomatas e membros do Governo que decidiram, enfim, reconhecer a Capoeira como uma arte cultural genuinamente Brasileira, merecedora de proteção. Foi então que a primeira academia de Capoeira foi aberta, em 1932, pelo mesmo Mestre Bimba que desenvolveu um novo estilo de Capoeira conhecido como “Regional”. Esse estilo trouxe uma metodologia e sistematização ao ensino da Capoeira, tornando-a mais combativa e incluindo em sua prática e em suas aulas várias outras inovações que na sua forma de ver, colocariam a Capoeira no seu devido lugar, respeitada e valorizada como expressão de um povo. Praticantes do estilo antigo de Capoeira, que passou então a ser chamado de “Angola”, sentiam que parte das raízes da arte estavam se perdendo em favorecimento a uma ênfase a aspectos esportivos de sua prática. Em resposta a esse movimento passaram e enaltecer a Capoeira como uma arte onde o jogo e a música eram a chave para o entendimento do verdadeiro espírito da Capoeira. A figura mais importante deste movimento da Capoeira Angola, foi Mestre Pastinha.
Com o passar dos anos, ambos os estilos evoluíram, como evolui toda arte, e transformaram a Capoeira em um instrumento de fortalecimento e de integração cultural. Ela é, atualmente, uma arte reconhecida internacionalmente por sua beleza e força, combinando ritual, defesa pessoal, acrobacia e música num diálogo entre corpo, mente e espírito.
A Capoeira ajuda seus praticantes a lidar com conflitos, medos e superá-los com confiança, determinação e humor. A Capoeira é uma celebração do prazer do movimento, da música, da expressão corporal e da estratégia. Os praticantes de hoje, assim como os antigos, aprendem a superar obstáculos e a interagir com os demais. A Capoeira ganhou respeito como uma arte marcial em todo o mundo, valorizando a cultura popular e ganhando adeptos em inúmeros países.
Sobre Capoeira
